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ROSEMARY RÊGO
( BRASIL – MARANHÃO )
Rosemary Rêgo (São Luís/MA). Poeta brasileira (em memória), com formação na área de Letras pela Faculdade do Maranhão — FAMA.
Lançou os livros de poesia O ergástulo gozo da palavra (FAMA, 2004) e Pérolas ao tempo (Edição da autora, 2010).
A escritora deixou a dimensão física deste mundo no dia 23 de agosto de 2017. Esta publicação é um tributo à pessoa e poesia de R.R. que há, exatamente, 1 (um) ano, pintou a estrela da saudade nas páginas da nossa literatura. |Seleção dos poemas: Bioque Mesito.
SUPLEMENTO CULTURAL & LITERARIO JP Guesa Errante ANUÁRIO. São Luís (MA) 2009. n. 7. ISSN 982-7482. 241 p.
Ex. biblioteca de Antonio Miranda
PEDRAS
A dor que me lambe os ossos
Já não é mais como a agonia dos loucos,
Já não é mais como a solidão das pedras.
A dor que me lambe os ossos
Agora é como a geografia dos corpos
Que se enroscam e se encaixam na célebre
Canção dos dias.
A dor que me lambe os ossos é como o suor
do espírito, como a carne que surge do amanhecer
A dor que me lambe os ossos é como o gozo
Atormentado de ser poeta
A dor que me lambe os ossos agora é feita: sss de
pedra e cal
(RÊGO, Rosemary. Coletânea Poética dos Festivais Maranhenses
de Poesia Falada. São Luís: DAC, 2000)
POESIA PARA SÃO LUÍS
A cidade repousa os braços no final da tarde
o alarido crepuscular encandesce segredos
de mirantes e casarios.
(A minha existência está na cidade)
O mar mesmo que absorto eterniza meus dias
nas pálpebras da cidade.
Os ossos flamejam na eternidade das ladeiras,
despertam na noite a vaga lembrança da cidade que
vivera sob a égide das putas.
A cidade ainda que nova, é velha ante o sorriso
do tempo.
O ócio da cidade esconde-se por entre casarões
e ruínas.
Ergue-se em mim a cidade
e desvirgina-se no tempo.
(Id. Ibid., 2000_
ESPERA
A sala em penumbra não cabe dentro da alma
o papel exposto sobre a pequena mesa de cedro
espera o poema que não deseja sair precocemente.
A máquina absorta no canto do quarto há muito
não abre os dentes há tempo a poesia não chega.
A máquina no canto do quarto é tácita,
é como se estivesse velando um cadáver de
[noventa anos.
(RÊGO, Rosemary. O ergástulo gozo da palavra. São Luís: Edição do
Autor, 2004)
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Página publicada em março de 2024.
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